terça-feira, 4 de novembro de 2008

Escrevo

Escrevo como se te segredasse ao ouvido;
de outra forma não teriam sentido
estas e outras palavras semelhantes
que invento a pensar em ti,
como não têm sentido outros amantes
que não nós dois, agora e aqui.

Sem o teu corpo, não há significado.
Nenhum verso pode ser declamado
que não pelos teus lábios de rosa
– não fosse do teu ventre o calor
e tudo seria para sempre prosa
e ninguém acreditaria no amor.

Os teus seios são explicação suficiente
dessa procura errada e demente
dos poetas no teu corpo de mulher:
a procura dessa esperança,
dessa vontade que tanto quer,
donde se esconde, como se alcança.

domingo, 2 de novembro de 2008

O Segredo

Tinha as mais difíceis
lágrimas fáceis que, creio,
alguma vez existiram. Muitos
as queriam secar, mas tinham receio
de chorar, eles também.
Porque eram pesadas essas lágrimas,
e eram pesadas vezes cem
quando caíam sobre os dois corpos
ao mesmo tempo, nús
ao mesmo tempo, postos
lado a lado, tremendo de medo,
sem defesa, os dois expostos
às dificuldades do segredo
que cada lágrima sua falava:
por causa dele eles se iam,
e por eles se irem, ela chorava.